25 de abr. de 2006

April in Deutschland

Para quem chega, pelo sul, vindo dos países desse mesmo sul, é a surpresa. Junto aos Alpes, a neve continua a cair. Para quem vive do Sol e para o Sol, para quem cultiva o bronzeado e a claridade dos longos dias, rende-se ao frio e à beleza de um nevão só comparável aos postais de Natal. Em Abril, ainda neva na Alemanha.

O frio de um longo e rigoroso Inverno propicia a criatividade, a meditação e o recolhimento. Por estas paragens, a produtividade não é um problema e o futuro é uma realidade. Em Abril, a Alemanha constrói futuro. A Alemanha cria e inova.
Em Abril, e nos meses anteriores, a cidade prepara o Verão. Aguarda impaciente pelos dias de Sol e de calor. Espera poder voltar à rua e retomar as suas actividades ao ar livre. Curiosamente, sem ter um clima que facilite as actividades no exterior, os espaços destinados à cultura fora de portas são mantidos e acarinhados pelo Estado. Mesmo se falarmos de cultura urbana ou sub-urbana. Uma sociedade evoluída culturalmente é uma sociedade dinâmica e não passiva. É uma sociedade com os olhos postos no amanhã.

Em Abril, mesmo com muito frio e pouca luz, a Alemanha cria condições para que os seus habitantes tenham qualidade de vida. O domínio e a utilização das novas tecnologias são a chave para o sucesso. Computadores portáteis e Internet sem fios já fazem parte da paisagem berlinense.

A Alemanha não se resignou. Não aceitou ficar presa aos acontecimentos trágicos do passado. Assistiu à queda do Muro e reunificou-se. Berlim terá sido certamente a cidade mais sacrificada de todo o século XX. Ficou totalmente destruída. Foi governada por potências estrangeiras inimigas. Foi dividida. Foi símbolo de vergonha e intolerância. Em seu nome cometeram-se as maiores atrocidades da história da Humanidade. Reunificou-se.

Vive com as memórias do passado. Não as destruiu nem as ignora. Pelo contrário, tenta mantê-las sempre presentes. Sem complexos. Um povo que cultiva a ocultação da História e procura fazer esquecer o seu passado é um povo sem alma, um povo à deriva.

Na noite de 9 de Novembro de 1989, o Muro caiu, foi Abril na Alemanha de Leste. Liberdade. Progresso. Futuro. Sararam-se as feridas. Assumiu-se a vergonha. Olhou-se para o futuro. A Alemanha não ficou constantemente a chorar o passado. Olha-o com respeito e como lição de vida. Nos ditos países do Sul e do Sol, de Abril e de cravos, o passado ainda é fantasma. Continuamos presos a ele.


É preciso olhar para ele. Com respeito e com esperança. É preciso olhar para a frente. Crescer. Sem destruir. Sem ocultar. Como na Alemanha, como em Berlim, em Abril de 2006 constrói-se futuro. Mesmo com a presença constante dos símbolos de um passado opressor e castrador.

A Alemanha, com todas as suas mazelas e desconfianças, não hesitou em apanhar o comboio do progresso. O futuro é já daqui a instantes, em Abril.

Paulo Ribeiro

22 de abr. de 2006

Avril au Portugal

Abril em Portugal, poder-se-ia dizer "Avril au Portugal", em francês, por ter sido França, durante muito tempo, destino de eleição dos emigrantes portugueses.
Abril poderá significar partida, mas também pode ser luta, revolta, libertação.

(Foto do Museu do Imigrante - São Paulo)

Abril também foi Coimbra, também foi fado, também é saudade, também é Portugal e Revolução.


Abril traz-nos lendas, e o nosso povo, encarrega-se, ao pôr do sol,


de gerar utopias.


Félix Rodrigues

Abril brasileiro...



Dia dos Índios...
Dia do Descobrimento...



Região de Guarulhos, São Paulo



Região sul da cidade do Rio de Janeiro


Nem somos índios, nem somos portugueses...


Cá estamos nós, depois de tantos anos de persistência, em buscas constantes de nossa verdadeira indentidade, ainda um tanto perdidos em meio a nossa própria realidade. Somos um país rico culturalmente e com reservas incomparáveis. Geografia deslumbrante e povo estonteamente criativo. No entanto sabemos que esse país por vezes, trilha caminhos distoantes...
É comum nos depararmos com noticiários pelo mundo todo, referindo-se sobre a violência nas grandes metrópolis brasileiras. Falamos da nossa miséria e pobreza, como se não fôssemos todos nós, também, um tanto responsáveis por ela... Como se a conseqüência dela, não pudesse se aproximar de nós... Como se viver nesses nossos dias, fosse possível esquecer do que nos cerca; do que vive ao lado; do que aparentemente não nos pertence, bastando para isso, nos mantermos quase que indiferentes... Sabemos que é prudente estarmos bem informados... Mas tomar conhecimento dos fatos e de todas as mazelas que nos cercam, não significa que necessariamente precisamos agir como se esse mal nos pertencesse... É mais fácil protelar... Nem mesmo cobrar, parece ser um ato que nos cabe... Lamentamos sim, mas dificilmente nos situamos...

Há preocupações com a internacionalização da Amazônia, por exemplo, mas quando é levantada a defesa dessa proposta, a única coisa que é pensada, é o resultado mais evidente a olhos nus e apenas a parte boa da grande e generosa floresta, é lembrada. Parece normal o esquecimento do que há escondido atrás das grandes árvores... Debaixo das muitas copas... Deslizando pelas infinitas lâminas... Não pensamos por exemplo, em internacionalizações visando a ajuda humanitária à pobreza, como um ato de responsabilidade de todos os países, pelo bem e sem fronteiras... Em muitos casos desses, nos portamos como se o problema alheio, não pudesse jamais chegar até nós; como se a pobreza não nos pertencesse. É normal portanto, que consideremos de nossa responsabilidade, apenas as riquezas e essas devem ser preservadas mesmo, mas nem por essa razão, internacionalizadas.

Sabemos que responsabilidade é uma atitude e essa implica em muitas frentes. Um inimigo letal e destruidor, que vem se instalando nas mais distintas classe sociais, é o consumo da droga. A classe alta, a classe média e todos de modo geral, a partir do momento que trata com normalidade o uso da droga sendo ela qual for – e por vezes muitos a consideram como se fosse um fetiche; algo associado ao glamour e ao poder – está sendo conivente com o financiamento da violência desenfreada. Quem compra droga, financia o tráfico e é responsável também, por muitas das diferentes pobrezas existentes pelo mundo à fora e nos mais distintos territórios, pelas mais distintas trilhas...

O mundo contemporâneo, assiste catatônico a uma verdadeira falência múltipla de instituições nacionais e órgãos governamentais, para atendermos à itens imprescindíveis para o bem estar de seus habitantes em suas diferentes ordens, seja alimentação, moradia, educação, saúde, transporte, segurança, geração de empregos, rede de abastecimento de água, saneamento básico, resíduos sólidos, energia, telecomunicações, laser... Permanecemos aguardando e contando que ‘alguém’ saia à procura de novas maneiras para solucionar ou trabalhar as necessidades que nossos governantes não conseguiram e nem conseguirão resolver, embora seja essa a responsabilidade maior deles e para o qual, foram e são eleitos. Na falta de uma conduta correta e no mínimo adequada e diante do caos, a tendência é a tomada de outros caminhos. Uma tomada diferenciada, em outros moldes e nem sempre ela surge de modo justo e nem por isso atende com equilíbrio, beneficiando a todos.
Temos conhecimento que o sistema está falido. Precisamos modernizar nossas atitudes, incentivando novos valores culturais e práticas sociais mais consistentes, voltadas para a educação e proteção de nossas crianças e adolescentes. De nada adianta leis bonitas de serem lidas e estatutos muito bem formatados, se na realidade, nada existe de concreto no cotidiano de muitos dos nossos meninos e jovens, onde a única opção reinante, são mesmo as trilhas incertas a que estão sujeitos naturalmente...

Muito se tem falado no Brasil, sobre os efeitos do uso da droga, mas nada se produz a respeito das sérias conseqüências sobre o que gera o consumo, em termos sociais, além das fronteiras domésticas e de toda a rede que o uso envolve e compromete. A droga não mata apenas quem usa. Mata tudo. Mata por doses homeopáticas a quem nem mesmo imagina o que ela pode causar... A droga mata!!! Mata a cultura!!! Mata a emoção!!! Mata a dignidade e causa a destruição!!!




19 de Abril - Dia do Índio

22 de Abril - Dia do descobrimento do Brasil


http://www.casadozezinho.org.br/

http://desambientado.blogspot.com/

http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT1169747-1655,00.html
http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=18660&action=reportagem
http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=18669&action=reportagem
http://360graus.terra.com.br/ecologia/default.asp?did=18664&action=reportagem
http://www.coav.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1420&tpl=printerview&sid=11



(Fotos retiradas do Rio Adventuretours – Brasil e do google, sem referências de autores)

Cristina Oliveira


1 de abr. de 2006

Sem Fio de Ariadna

Este pretende ser um projecto sem fronteiras, um projecto global em tempos de globalização do homem e não da economia.
Aqui o global é a visão, a justiça e a justeza das acções na procura dos trilhos e dos caminhos.
Entende-se que:




Se nos procurarem entre gentes errantes,
Encontrar-nos-ão, mesmo emigrantes.
Não fará falta o fio de Ariadna quando o trilho é certo,
Se transformarmos o muito longe em algo aqui tão perto.
Félix Rodrigues

TRILHAS & TERRAS = Homem em Movimento





Peabiru significa caminhos e foi esse o nome dado para as primeiras trilhas abertas na América Latina. O tronco principal se estende desde Cuzco, no Peru, até São Vicente, no litoral de São Paulo, com ramais para Santa Catarina e outras regiões e foi a partir do litoral catarinense que o português Aleixo Garcia, partiu para descobrir se era verdadeira a existência das minas de prata no interior da terra. A expedição de Aleixo, com participação de mais de 2 mil índios carijós, foi a primeira incursão documentada sob comando de um europeu. Aleixo chegou perto de Potosi, o maciço de prata que tanto despertou posteriormente a cobiça espanhola. Utilizou o Peabiru, o caminho Inca que ficou famoso como trilha até os Andes. Em Santa Catarina também foram encontrados outros vestígios Incas e como em todo país, a ocupação humana avança sobre os restos do Peabiru.
Sem tentar resgatar o passado, mas valendo-se da importância dele para mostrar a inexistência desses limites na busca humana por novos horizontes, nos vemos hoje percorrendo trilhas, na tentativa de que as barreiras não impeçam que o pensamento fique somente na vontade. A comunicação virtual traça hoje muitas trilhas espaciais com o mesmo poder de rompimento das barreiras e de fronteiras, utilizadas por civilizações do passado; essa mesma tão fácil de acontecer tecnologicamente e tão difícil de ser praticada fora dela. A partir desse ponto, será possível percorrer as muitas trilhas humanas dos mundos urbanos contemporâneos, onde as pessoas são comuns e com as mesmas necessidades, sem que seja preciso mostrar e/ou falar de coisas ruins, e sim das coisas boas que certamente existem nas estruturas casualmente arranjadas por pessoas do bem e que visam sempre resultados positivos. Há trilhas nas favelas, debaixo das pontes, nos viadutos, nas muitas margens... Mas, nem por essa razão, tristes.
Há hoje muitos Peabirus em muitos lugares e países. Através do registro testemunhal, com comprometimento do olhar pedagógico, TRILHAS&TERRAS = Homem em Movimento tem a proposta de mostrar o homem e seus reflexos no meio.
Esse espaço passará a compor o Projeto Principal e de mesmo nome, que deverá desenvolver-se em diferentes frentes, tendo nesse primeiro momento, a realização de um livro álbum que deverá documentar as trilhas, por onde passou o Peabiru Inca. Pretende mostrar também os muitos Peabirus, desde o que restou deles, em terras peruanas e catarinenses, até os muitos caminhos trilhados hoje pelo homem atual, urbano ou não, nesses tantos Peabirus.
Cristina Oliveira